25 de maio de 2003

CAMPING
Há gente que acha a ideia de se deitar entre as paredes de tecido uma abominação. Têm razão, desprezo-me a mim próprio por isso. E acho inominável que acorde contente (malgré as costas partidas)

Os parques de campismos são sítios simpáticos: não fora as pessoas e seriam melhores.



Tive sorte: calhei ao lado de um casal jovem e fogoso, sinal que há vida na Terra. Na terra e claramente no chão da tenda, já que ela passou a noite aos gritos . Para além de sabermos que o orgasmo múltiplo não é uma ficção, ficaram todos os campistas num raio de 500 metros alertados para as virtudes (e detalhes) de vários tipos de sexo.

Outro grande mistério é a razão por que a maioria das pessoas (homens) não gosta de puxar o autoclismo. A minha teoria é que este furor na partilha de urinas deriva de um instinto antigo e tribal. O mesmo que leva os cães a cheirarem o rabo uns aos outros.

No "El Mirador", a barraca apalaçada que domina o reino da Galé, avistei o rei e a rainha. Ele, sentado numa cadeira de plástico, observava a nespeira nascida no meio da areia, 3 Verões atrás, enquanto remexia o bigode à la Quim Barreiros. Ela, passava creme Nívea nos braços, com cuidado para não sujar a pulseira de massa plástica.
Vi uma miúda a andar de bicicleta por perto. Suponho que seria a Infanta.

Tenho a mania de admirar o som dos pássaros de manhã. Hoje aprecio-lhes a inteligência: fim-de-semana de Maio, piraram-se todos! Foram cantar para o sossego.



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